Câncer Bucal

          De todo câncer bucal, o carcinoma espinocelular corresponde de 90 a 95%. Reconhecer esta insidiosa moléstia é essencial, pois ela se aloja sem despertar atenção. Tem diâmetro inicial menor que 0.5 cm, aparência tênue, frágil e de pouca consistência. Cresce simulando cicatrização. Não dói. E estabelece uma convivência nociva que só se sustenta com consentimento do próprio paciente. Falta de informação? Confusão? Ou ânimo inseguro?

          Mesmo tendo fases de visualização facilitada, na correria dos dias, sobram negligenciados, alternando uma aparência de pouca consistência com simulações de cicatrização que sempre voltam a erodir. Infiltrando – sem doer – tecidos mais profundos e próximos. E só chegando a nossos consultórios em fase avançada. Em 38% dos casos alojados no lábio inferior, em 22% na língua, 17% no assoalho bucal, 6% nas gengivas, 5.5% no palato duro, 5.5 % no palato mole, 4% no lábio superior e 2% bochechas.

          Quando intrabucal se iniciam com avermelhamento e endurecimento da mucosa, que aos poucos sofre uma erosão, parecendo uma afta indolor bem no meio do “carocinho”. Não tem casca, mas pontos esbranquiçados semelhantes à pele que ficou em água por muito tempo.

          O extra bucal irrompe no vermelhão do lábio inferior ou pele próxima. Ferida em forma de pequena cratera, vermelha, endurecida, circunscrita, recoberta parcial ou totalmente por casca que parece superficial.

          O tabagismo, a ingestão habitual de bebidas alcoólicas concentradas, as radiações solares, a irritação mecânica crônica (próteses mal ajustadas) e as fontes de calor excessivo (bomba de chimarrão, cabo do cachimbo, etc.) são fatores que devem ser afastados imediatamente quando da possibilidade de qualquer tipo de câncer de boca.

          O Tratamento consiste em extirpação cirúrgica completa, seguida ou não de radioterapia. O índice de sobrevida (tempo posterior ao tratamento sem qualquer sinal de retorno da moléstia) de 5 anos ultrapassa 90% dos casos que receberam tratamento adequado.

          Todavia, mais de 3.000 brasileiros morrem de câncer bucal todos os anos. Dados dos Registros de Câncer de Base Populacional mostram que ocupa o 4º lugar entre os tipos de cânceres mais incidentes no sexo masculino, tendo aí aumentado sua mortalidade de 2.16 para 2.96 por 100.000 habitantes.

          Auto-exame em 7 passos (Deve ser feito mensal ou bimensalmente por tabagistas e etilistas):

          Após lavagem criteriosa da face e pescoço no banho, escove bem os dentes e passe o fio dental. Fique diante do espelho, em local bem iluminado, e remova próteses, se tiver.

  • Examine atentamente o lábio inferior (38%). Puxe-o para baixo, expondo a mucosa (parte interna). Examine e apalpe-o todo. Repita no lábio superior (4%).
  • Observe o dorso da língua, pondo-a para fora. E a parte de baixo (ventre) levantando-a até o céu da boca. Em seguida, segure-a pela ponta com um pedaço de gaze (ou pano) e puxe para fora para inspeção visual e palpação, utilizando o dedo indicador e o polegar da outra mão, em toda a sua extensão e laterais (22%).
  • Introduza o dedo indicador por baixo da língua, e por baixo do queixo, o polegar da outra mão. Procure palpar delicadamente todo o assoalho da boca (17%).
  • Passando a ponta do dedo indicador percorra toda a gengiva superior e inferior, apalpando os dois lados (6%).
  • Abra a boca, e com a cabeça inclinada para trás examine atentamente o céu da boca, apalpando-o (5.5%). Procure observar o máximo possível o fundo da garganta (5.5%).
  • Com o dedo indicador e polegar, afaste cada bochecha para examinar sua parte interna (2%).
  • Observe a pele do rosto e do pescoço procurando sinais que não tenha observado antes. Toque com as pontas dos dedos todo o rosto e pescoço, comparando os lados. Procure se há diferenças, caroços ou áreas endurecidas. Não esqueça o contorno inferior do queixo.

          O que procurar Visualmente:

    • Mudanças na aparência dos lábios, pele ou porção interna da boca. Ferida que permanece nos lábios, gengiva ou no interior da boca por mais de 20 dias, que sangra facilmente e não parece melhorar e que também provoca halitose (mau hálito);
    • Manchas brancas ou vermelhas na gengiva, língua ou qualquer outra parte da boca;
    • Úlcera rasa, indolor e avermelhada.

          O que procurar na Palpação:

  • Endurecimentos. Qualquer caroço ou inchaço;
  • Súbita mobilidade dental ou dentes quebrados;
  • Inchaços que impeçam adaptação de prótese;
  • Perdas de sensibilidade ou sensação de dormência;
  • Dor sem razão aparente.

          O que procurar em Observações Gerais:

  • Perda de mobilidade da língua. Dificuldade para mastigar, engolir ou sensação de ter algo preso na garganta;
  • Mudanças na voz.

          Se encontrar qualquer destes sinais ou sintomas e eles persistirem por mais de 20 dias, mostre ao seu dentista. Ele saberá diagnosticar sua real situação e encaminhá-lo para tratamento, se for o caso.

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