Odontogeriatria
(O texto é longo. Mas só criança não tem paciência!)
Um grande desafio a ser alcançado neste século será envelhecer e manter a qualidade de vida, com não apenas saúde geral, mas também saúde bucal. Pois o prazer da alimentação é o único que já se inicia na mais tenra infância e jamais termina enquanto existir fôlego de vida. E por isso mesmo, a integridade da saúde bucal assume grande importância na qualidade de vida de pessoas idosas.
Um aumento nas implicações de saúde como mudanças fisiológicas, doenças sistêmicas e deficiências físicas e mentais sempre é esperado com o envelhecimento populacional. Todo tratamento curativo e restaurador ocorre sempre interligado a aspectos fisiológicos alterados e aspectos biopsicossociais próprios da terceira idade. Somente através de estratégias preventivas, pode-se proporcionar a promoção de saúde e aumento da qualidade de vida nesta faixa etária.
O paciente idoso pode estar sujeito a complicações próprias da terceira idade, como alteração auditiva, catarata, deficiência ortopédica, zumbidos, deficiência visual, glaucoma, ausência das extremidades, incapacidade para diferenciar cores, paralisia das extremidades. Incontinência urinária, alergias, anemia e lesões da mucosa bucal, doenças respiratórias, condições coronárias avançadas, debilidade renal, doenças cardiovasculares, artrite, e doenças endócrinas como diabetes tipo dois.
Muitos têm instabilidade de postura, ou mobilidade comprometida. A depressão, perda de memória, estresse, aterosclerose, obesidade, bem como distúrbios emocionais ou psicológicos como ansiedade ou depressão, doença de Alzheimer e outras doenças debilitantes e progressivas como o Parkinson, também são encontradas.
Modificações bioquímicas no ambiente na cavidade oral podem contribuir para o desenvolvimento da halitose, produção de saburra lingual (placa bacteriana que recobre a língua) e possivelmente problemas sistêmicos como a cárie e a doença periodontal.
A redução do fluxo salivar provoca uma maior retenção de células epiteliais descamadas, restos alimentares e maior acúmulo de microorganismos, como o Actinomyces Viscosus que têm como hábitat normal as papilas filiformes da língua. Mastigação deficiente motivada pela perda de dentes e dieta muito rica em açúcares levam ao incremento no índice de cáries radiculares no idoso
É fundamental a utilização de meios corretos de higienização e controle da dieta. Também a realização da motivação, pois embora com idades avançadas, indivíduos motivados têm capacidade de aprender, necessitando apenas de incentivo e orientação.
Assim, estratégias preventivas e curativas particularizadas devem ser previamente estabelecidas no atendimento de cada idoso. E com ao aumento da população de idosos (com complicações múltiplas) estabelece-se a necessidade da realização de uma odontologia com ênfase no tratamento como um todo.
Graças ao desenvolvimento da ciência e de novas tecnologias doenças associadas a inatividade física, ociosidade, segregação social e deterioração gradual dos processos sensoriais podem hoje contar com instrumentos e ferramentas muito mais eficazes.
Conhecer a percepção das pessoas sobre sua condição bucal deve ser o primeiro passo na elaboração de um planejamento preventivo que inclua ações educativas, como sensibilização e motivação para o aprendizado, voltadas para o autodiagnóstico e o autocuidado, além de ações de higiene bucal, como instruções de higiene, cuidados com dentes/próteses. É necessário atenção e critério com as peculiaridades familiares de cada idoso procurando adaptar às mesmas aos seus cuidados de saúde. Neste sentido é necessário o conhecimento da arquitetura do domicílio, seus obstáculos ambientais, sua rotina de funcionamento de horários de trabalho, refeições, disponibilidade de apoio por parte de familiares, empregados ou agregados, etc.
A escovação requer o emprego de métodos adequados, sendo o de método de Bass mais recomendado para esse público. Para complementar a limpeza com escova, a utilização de fio dental se faz indispensável para as regiões interproximais dos dentes e sulcos gengivais. A prevenção dos problemas bucais em sua grande maioria é alcançada pela eliminação e controle da placa bacteriana e higiene oral bem executada.
A higienização bucal pode se tornar difícil para os pacientes com artrite e outras doenças reumáticas deformantes e se recomenda então engrossar o cabo das escovas dentais e também apertar o tubo do creme dental com as palmas das mãos, para que a força possa ser mais bem direcionada. A escova deve ser utilizada com movimentos circulares e suaves que permitam maior estímulo articular.
Como medida preventiva no caso de portadores de próteses, deve-se aconselhar os idosos a não dormirem com as mesmas, pois como os idosos são mais propensos a infecções a contaminação por fungos, como a Cândida Albicans é facilitada, além de aumentar o risco de surgimento de lesões de tecido mole, oriundas de traumas.